Aproveito alguns instantes de ataraxia e liberdade laboral para explanar e divagar descomprometidamente. Desta feita, e por me encontrar distante e desprovido de um objectivo com este escrito, parto apenas de um mote ou preconização vulga de um tema, que na verdade, se bifurca neste binómio: premissa e concretização.
Exije-se de uma obra, de uma produção, invariavelmente a sua progenitura, que disponha de uma premissa, de um prefácio lógico e pensado que sustente a própria concepção; em última instância, apelidemos ou aceitemos a premissa de um discurso, diálogo ou reivindicação, como os pressupostos que regem e diligenciam o firmamento dessa mesma obra.
Ora, socorrendo-me do velho ditame: "De boas intenções está o inferno cheio.", o ardiloso busílis da premissa e do resultado da sua condição, é a incoerência frequentemente consumada entre o que se pretende e o que se consegue.
Acreditando na obra artística e, honrosamente humana, como oscilante, variável, indefinida, neste caso como noutros, a mise en scène, o invólucro e revestimento simbólico de uma produção, legitimam-na ou denigrem-na; existe por isso, aquilo a que chamo idiossincrasicamente: a condição de Janus, num projecto e consequente concretização; Janus, deus do passado e do futuro, dipondo as duas cabeças, uma para a frente (futuro), outra para trás (passado), descreve um pouco do que acredito ser o processo de edificação de algo: a premissa - a cabeça do passado, e a concretização - a cabeça do futuro; o perfeito conluio entre ambas é inverosímil; podemos apenas aspirar a um litígio entre o que desejamos e somos capazes de conseguir; mas, mais reverberante ainda, aquilo que somos capazes de conseguir desejar.
É uma boa ilustração daquilo que se consegue com esforço e dedicação ;)
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