sexta-feira, 28 de março de 2008

Janus

Aproveito alguns instantes de ataraxia e liberdade laboral para explanar e divagar descomprometidamente. Desta feita, e por me encontrar distante e desprovido de um objectivo com este escrito, parto apenas de um mote ou preconização vulga de um tema, que na verdade, se bifurca neste binómio: premissa e concretização.


Exije-se de uma obra, de uma produção, invariavelmente a sua progenitura, que disponha de uma premissa, de um prefácio lógico e pensado que sustente a própria concepção; em última instância, apelidemos ou aceitemos a premissa de um discurso, diálogo ou reivindicação, como os pressupostos que regem e diligenciam o firmamento dessa mesma obra.


Ora, socorrendo-me do velho ditame: "De boas intenções está o inferno cheio.", o ardiloso busílis da premissa e do resultado da sua condição, é a incoerência frequentemente consumada entre o que se pretende e o que se consegue.


Acreditando na obra artística e, honrosamente humana, como oscilante, variável, indefinida, neste caso como noutros, a mise en scène, o invólucro e revestimento simbólico de uma produção, legitimam-na ou denigrem-na; existe por isso, aquilo a que chamo idiossincrasicamente: a condição de Janus, num projecto e consequente concretização; Janus, deus do passado e do futuro, dipondo as duas cabeças, uma para a frente (futuro), outra para trás (passado), descreve um pouco do que acredito ser o processo de edificação de algo: a premissa - a cabeça do passado, e a concretização - a cabeça do futuro; o perfeito conluio entre ambas é inverosímil; podemos apenas aspirar a um litígio entre o que desejamos e somos capazes de conseguir; mas, mais reverberante ainda, aquilo que somos capazes de conseguir desejar.

2 comentários:

Pedro Dionísio disse...

boas...peço desculpa por estar a postar aqui mas das possibilidades acho que é o mais adequado. Eu acho importante repensar-se no esquema de voto no site Mangacurta...Não que esteja mal como está, nada disso..Eu diria apenas melhorá-lo. Sinto que o facto de apresentar as médias ao votante influencia positiva ou negativamente o voto..Talvez um esquema idêntico ao do Threadless (salvo a publicidade) resulta-se melhor e garantisse uma total concentração ao votante.. Não sei se isto já terá sido discutido ou não mas acho que é pertinente. E se possível um tópico aqui no blog para discussão...

abraços a todos

Unknown disse...

O sistema de votações já foi alvo de alargadas conversas (mesmo muito alargadas e com direito a insulto a disparar) e na minha opinião já se perdeu muito em retirar a média de votações de cada utilizador (que dava para controlar os clones e os "amigos") pelo menos para a transparência das votações. Ao retirares a média de pontos das propostas não detectavas situações de votações viciadas na hora, como os 40 pontos do próprio autor e perderias o valor ético que o concurso tem difundido e é talvez a maior diferença para com a concorrência.

Em relação a posts, é provável que não postemos mais nada porque o Manga Curta está a preparar um blogue de autores no próprio site no qual os elementos desta equipa irão também participar :P

O próximo mpost provavelmente fará o anúncio da transição...